Kurt Weill: Zaubernacht (Magic Night) - Reviews of the CD

 

"...Although any reconstruction of this nature involves a certain degree of conjecture, Meirion Bowen has done a marvellous and convincing job in restoring this work to public circulation, and the performance from Ensemble Contrasts is compelling. Given the highly inventive and varied nature of the music, it´s also clear that the scenario, in which a magic spell brings children´s toys and various characters from familiar fairy-tale story books to life, fired Weill´s imagination. ...Although the strong influence of Busoni pervades much of the music, it´s interesting to note that even at this early stage in his career, there are numerous harmonic and rhythmic figurations that presage the mature Weill."
Erik Levi, BBC Music Magazine, December, 2002

 


LAURO MACHADO COELHO
Especial para o Estado
25 December 2002

... É fascinante a audição dessa obra de um jovem de 20 anos, que ainda estava sob a influência de Ferrucio Busoni, seu professor de composição, mas na qual, a todo momento, sentem-se indicações claras do tipo de idioma muito pessoal que, em breve, será responsável por obras teatrais de imensa originalidade: as óperas politizadas sobre libretos de Georg Kaiser e Bertolt Brecht, os fascinantes musicais da fase americana.

É música estilisticamente ligada a uma fase em que Weill tentava trabalhar com as grandes formas tradicionais: as duas sinfonias, os dois quartetos de cordas - dos quais saiu material reutilizado em algumas peças do balé - a sonata para violoncelo, o concerto para violino. Mas na naturalidade com que ela se adapta às necessidades teatrais, a partitura tem a promessa do grande homem de teatro que Weill será, um dos mais originais no século 20.

É cuidadosíssimo o trabalho de reconstrução e orquestração feito por Bowen.

Antunes chama a atenção para "o caráter virtuosístico da escrita, as cadências para os diversos instrumentos, a valsa para violino solo" - de que Kyoko Shikata faz, no disco, uma deliciosa interpretação - "o difícil solo de harpa, as intervenções solistas do piano" (a cargo de Saskia Kwast e Paulo Álvares). Ao reconstruir a partitura, explica Antunes, "Merion Bowen respeitou o manuscrito: não há praticamente indicações de andamento." "Tive de fazer as escolhas estudando cuidadosamente a redução para o piano. Espero ter acertado."

E de fato acertou, pois de fato é muito fluente a leitura dos 39 números que compõem a partitura, encadeando-se de forma contínua. Antunes consegue o devido contraste entre episódios líricos como a Gavota e a vivacidade do Cancan ou do episódio Im Marsch Tempo que o segue. Explora com seguro senso de estilo a diferença entre a escrita neo-clássica do hindemithiano Allegro Molto e os temperos harmônicos dos solos de flauta, fagote e clarinete na seção Quasi Recitativo , de estrutura métrica muito livre.

 


Kathrin Paulsen, klassik.com

...Die CD ist jedoch nicht nur vor dem Hintergrund ihrer musikwissenschaftlichen, historisch-dokumentativen Bedeutung wertvoll, sondern verspricht zudem ein äußerst schönes Hörerlebnis. Der ausgewogene, harmonische Klang der Aufnahme unterstreicht die große Leistung der Musiker. Denn er lässt ihre hervorragende Interpretation dieser beinahe kammermusikalischen Musik wunderbar zur Geltung kommen. Das 'Tempo der Bühne', das dem Theaterkomponisten Weill so sehr am Herzen lag und in seinen Werken erstmals in der 'Zaubernacht' Anwendung fand, ist hier hörbar umgesetzt. Weill wandte sich gegen die Musik der Romantik und schrieb sich die Ideale Einfachheit und Klarheit auf seine künstlerische Fahne. Sein Ziel war, durch Musik die 'einfachsten, irdischsten, uralten und immer neuen Gefühlsregungen', also die reine Menschlichkeit auszudrücken. Die Musik der Zaubernacht läuft ohne Pause ab, gliedert sich aber in 24 Zwischensätze unterschiedlicher Länge. Das 'Tempo der Bühne' ergibt sich aus einer großen Bandbreite an Tempi, Stilen und Stimmungen der Musik. Ihre Wiedergabe ist den Künstlern durch eine quellennahe Interpretation wunderbar gelungen.

Sein kompositorisches Prinzip des klaren, bühnenmäßigen Ausdrucks kommt dem Komponisten nun hier, über fünfzig Jahre nach seinem Tod zu Gute. Denn obwohl das Original-Szenarium des Werkes verloren gegangen ist, dürften die Choreographen kein Problem haben, eine angemessene Umsetzung für die Bühne zu finden. Und den Musikern des Ensemble Contrasts ist es gelungen, den Komponisten quasi durch seine eigene Musik sprechen zu lassen, indem sie dessen 'bühnenmäßige Vorstellungen' zu seiner Musik hörbar werden lassen - die verträumte Stimmung der Einleitung, das Lebendigwerden der Spielsachen durch das Lied der Fee und die emotionalen Schwankungen von 'etwas schwermütig' bis 'molto furioso', die sich im Verlauf der 'Handlung' ergeben.

Abgerundet wird das Ganze durch das dreisprachige, sehr informative Booklet, in dem vor allem die Vorgehensweise bei der Rekonstruktion, aber auch Informationen über die Künstler nachzulesen sind.

Insgesamt halte ich diese rundum interessante CD für sehr empfehlenswert. Die 'Zaubernacht' wurde für die Aufnahme nicht nur dokumentatorisch wieder hergestellt, sondern tatsächlich mit neuem Leben erfüllt. Es ist wünschenswert, dass durch solche Projekte in Zukunft noch das ein oder andere weitere Werk Weills für das Konzert-Repertoire wieder entdeckt wird.

 


03/12/2002
IRINEU FRANCO PERPETUO : MÚSICA

Um regente brasileiro fez, na Alemanha, a primeira gravação musical de um balé-pantomima de Kurt Weill (1900-1950). O selo Capriccio lançou o CD "Zaubernacht" ("Noite Mágica"), com o Ensemble Contrasts, de Colônia, e a soprano Ingrid Schmithüsen, sob a batuta de Celso Antunes.

Estreada em Berlim, em 1922, "Zaubernacht" sofreu o extravio de suas partes cavadas, argumento e grade orquestral. Só restou um manuscrito incompleto da redução para piano da peça, a partir da qual o musicólogo Meirion Bowen fez a restauração da obra, sob encomenda, para o festival MusikTriennale, ocorrido em Colônia em 2000, quando foi executada pelas mesmas forças que, agora, participaram da gravação.

"Zaubernacht" tem 50 minutos de duração, divididos em 24 seções, destacando uma pitoresca sequência de danças que inclui foxtrot, cancã, valsa e gavota. Apesar de o roteiro estar perdido, David Drew, biógrafo de Weill, pôde reconstituir um resumo da ação a partir de relatos da imprensa e anotações na partitura para piano: é um balé-pantomima para crianças, que, durante noite de sonhos, vêem acordar para a vida seus brinquedos e personagens de livros de histórias.

Bowen distribuiu a música de Kurt Weill entre os dez instrumentistas do Ensemble Contrasts, dos quais se destaca o pianista mineiro radicado na Alemanha Paulo Álvares.

A partitura traz passagens de virtuosismo para cada instrumento, das quais os musicistas se desincumbem com grande domínio técnico. A qualidade de interpretação e gravação é elevadíssima..."

Top